quarta-feira, 6 de maio de 2009

horas não estúpidas


acabou a luz. sem crise. acendi uma vela, coloquei-a estrategicamente posicionada no centro da mesa, sentei-me em frente a ela e peguei um livro que tinha jogado por ali no dia anterior.

antes de abrir o livro e começar a ler, pus-me a olhar para a vela. o fogo é, ao mesmo tempo, tão suave e tão intenso, como todas as coisas naturais. forte demais, pode causar grandes desastres ou trazer grandes benefícios. frágil demais, que assim, por exemplo, sobre uma vela, pode morrer com um sopro ou uma brisa qualquer.

nós somos como o fogo. mas somos o fogo que pode escolher se devasta ou faz bem, se domina a brisa, o sopro, ou não. me atrevo a dizer que o fogo, a água, a terra, o ar e os seres vivos que nos cercam, merecem mais respeito do que nós. mesmo sem escolha, estão lá desempenhando o papel deles, nos ajudando e nos deixando em paz quando necessário. e nós? escolhemos destruir uns aos outros e, muitas vezes, temos a insana coragem de usar essas coisas, as quais deveríamos respeitar, como meio pra essa destruição (texto de escola pareceu. ou aqueles do vestibular, sobre sustentabilidade. anyway!). francamente. como somos tolos.

enfim comecei a ler o livro. nunca antes o tinha achado tão incrível, intenso, emocionante. não há luz elétrica (a do fogo é tão mais bonita, inspiradora e quente!), não há televisão, rádio, computador, sequer aquele barulho eterno dos eletrodomésticos que já acostumaram (pessimamente) os nossos ouvidos. o telefone não pode tocar, escolhi desligar o celular também e não pegar nenhum desses aparelhos sonoros (por enquanto), mesmo sendo eles a bateria.

o clima tá incrível, como em épocas remotas que não vivi, mas as sinto. quando voltar a energia elétrica não duvido que eu a ignore. ou burra e pateticamente eu vá logo ligar um desses aparelhos. espero sinceramente que não tão logo.

difícil de explicar, a minha percepção, os meus sentidos, funcionando perfeitamente, sem ruído (para nós comunicólogos, tudo aquilo que atrapalha algum sentido nosso, não sendo necessariamente barulho) algum. acho também que peguei pra mim muito da energia do fogo. sinestesia.

meu coração que batia forte demais há dias, acalmou-se. minha cabeça confusa há meses, tá limpa. incrivelmente limpa! nossa... sério... muito sério... eu queria que todos pudessem sentir um pouco o que estou sentindo agora. isto não é literatura, nada, é real. sensações. sensações que são por nós enterradas cada dia mais fundo. emoções estupidamente trocadas por coisas tão práticas e tão banais. besteiras.

bateu tristeza ao lembrar que a luz vai voltar e levar essa vida embora, trazendo a fantasia prática e tola de volta. estupidez.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Tome Partido

Estou atrasada.

Atrasada pra postar aqui, atrasada pra tomar uma atitude revolucionária, atrasada pra grandes mudanças.

Estou sentindo uma vontade incontrolável de fazer algo notável, relevante! Eu escrevo sobre os meus desejos, mas faço pouco pra realizá-los. Devo parar de desistir e começar a ouvir a voz da minha essência. Já cometi loucuras, já agi com astúcia, mas nunca o suficiente. Faltou uma pitada de loucura, uma pitada de astúcia. Faltou coragem! E houve medo de sobra. Medo de subir muito alto, depois cair e quebrar a cara.

Nos últimos dias estou me sentindo forte. Poderosa mesmo. Não 'ui poderosa cachorrona do funk', mas poderosa como todo ser humano deveria se sentir. Com o poder nas mãos, de mudar as coisas, de tomar decisões, de correr atrás de grandes desejos. E como o meu desejo é grande! Como é intenso! Inexplicável! E há de se realizar! Já me disseram que a minha espiritualidade e mentalidade podem me levar a fazer coisas que nem eu mesma sou capaz de imaginar. Vou me agarrar a isso e agir. Com a vontade de quem deseja o ar pra respirar! Com a paixão que me move, vou agir! Quebrar a cara talvez, mas não me importo. É como eu li esses dias no blog "Teorias da Conspiração", o qual achei muito sábio e absorvi à minha mentalidade como faço com tudo que tem a ver comigo: ...precisamos abrir o canal por onde todo esse poder virá, que é o coração.

Não é algo inerente a mim apenas. Eu desejo a todos vocês o mesmo, que sintam todo poder que possuem, vão em frente. Tenham atitude! Não se importem com o que vão dizer, seu coração é sempre mais sábio, mais poderoso.

Pra acabar, uma música de uma banda bacana que acabo de conhecer, Assinado Maria...

Eu vim aqui para dizer
Que essa sua maneira concreta de ser cruel
Não vai me comprometer
Não é nem sequer capaz de causar qualquer contradição
Se for dificil entender
Eu faço um desenho pra te explicar.
Você terá que escolher
Se perde uma chance ou deixa de dar o tom
Não vá se comprometer
Se a sua vontade não corresponder ao que o seu coração
Pretende realizar
Eu faço um poema pra te excitar.

Até breve!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carnaval

Chegou o meu dia de postar e não pensei em nada pra escrever aqui. Não pensei em nada, porque, apesar de ser carnaval, eu sou uma pessoa de azar e fui sorteada pra trabalhar todos esses dias. Nenhum assunto melhor agora do que esse. O carnaval e o trabalho.

Carnaval e trabalho definitivamente não combinam. Carnaval com calor e sol com trabalho, menos. É o caso. Eu passei todos os anos da minha vida sem nada pra fazer, ainda mais nesse tipo de feriado, que se tem muitos dias. Minha família nunca foi de viajar e tal, mas mesmo assim, eu preferia passar uns dias panguando em casa do que ter que acordar às 7h e escrever sem parar até 14h, 15h.

Eu não deveria reclamar, porque afinal de contas é um estágio, eu ganho dinheiro com ele e faço o que eu gosto. Sim, teoricamente isso tudo é verdade. Mas verdade maior que essa é que nada se compara ao ócio. Dormir, comer e pensar em coisas que me convêm. Não, nada de governo e prefeitura, muito menos buraco na rua tal, ou reclamação do ouvinte tal.

Tenho pensado ultimamente se eu realmente estou fazendo o que gosto, e esse tipo de pergunta é totalmente dispensável quando se está no terceiro ano de uma faculdade, porque a sensação de tempo perdido é a pior de todas. Ainda não cheguei a conclusão alguma, é verdade. Aliás, espero chegar à conclusão de que eu realmente gosto de tudo isso e que os 4 anos dispensados de fato valeram a pena.

Não sei porque tanto escrevo, se é carnaval, já trabalhei hoje e posso aproveitar e dormir pra sempre agora. Aliás, por ser carnaval eu posso apostar que ninguém vai perder seu precioso tempo de folia (ou o que quer que seja) lendo esse texto sem sal nesse blog. Adeus! Aproveitem as festas e pensem em mim.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

...que enfim vai nos redimir...

A cama é o melhor lugar do mundo.Capaz de te isolar com seus cobertores de tudo o que agride.Não me importa a agressividade das ervilhas sufocantes nem dos tetos que caem.Me importa o desaparecimento da leveza.A impaciência com a avó na ida ao banheiro logo ao acordar,a irritação no trânsito antes mesmo de chegar ao trabalho,as pragas jogadas á chuva que cai e te molha na volta para casa,dolorosa volta para casa.Esperar o relógio dar o horário de soltura das algemas como quem aguarda o último apito de final de copa do mundo para enfim chegar em casa e dar como aberta a temporada de brigas e desaforos sem importância com pai,mãe,filhos e irmãos.

Tão sem importância aquela escova de dentes jogada na pia,o pé preto na banheira branca,a roupa exagerada para lavar...muito capazes de nos desgastar.

Ir dormir porque não agüenta mais e também porque a nossa única recompensa é essa:dormir.O cinema não faz mais sentido,a comida não traz mais prazer,só calorias a perder,as conversas com os amigos(tão decepcionantes)já não distraem mais,os beijos não são mais tão emocionantes e emocionados,mas tão previsíveis.Dormir para acordar já cansado,só esperando um motivo que justifique uma explosão,e tudo se repete,com uma precisão incrível e a mesma vontade de que acabe.

Aquela ansiosidade para que o dia termine escutada nos corredores dos colégios, nas salas dos escritórios.Não faz a menor diferença o dia acabar de pressa.Os que virão serão exatamente iguais.Nos cansamos de tudo,mas o desgaste é tão maior que nos deixa inertes.Fazemos tudo o que não queremos ou não precisamos e retornamos cada dia piores.

Se nos mantivéssemos na cama talvez não piorássemos tanto a cada dia.
Você fecha as janelas,deita,se isola,pede ombro ao travesseiro,se culpa,mas se desculpa logo e dorme.Sempre vem aquela fadinha dizer que passa,que a vida é meramente uma busca,deve ser mesmo,uma longínqua busca.A gente busca,busca,busca e se consola por buscar.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Baile de Máscaras

Ainda não era carnaval na Globo, faltava uma semana. Mas quem se importa? Foi um belíssimo baile de máscaras. Pra ela, a mais sem graça das comemorações era mesmo o desfile das Escolas. Mas aquele baile... estavam todos lá! A amiga inseparável de momentos engraçados, o cara sexy do bilhete no guardanapo, os amigos sexy dele, um cara peculiar, belos músicos e muita gente bacana.
Quando ela chegou lá, tinha apenas um foco. Fez tudo como tinha planejado, mas com ela nada acaba em algo já esperado. Pra começar, que o plano não tinha dado certo. E ela ainda não sabe se desiste ou não. Parte dela não quer desistir e outra acha que precisa. Mas o mais inesperado foi que, ao decorrer do baile, o foco foi aos poucos mudando de lugar. Não sei se mudando, mas diremos que, em linguagem fotográfica, aumentou a profundidade de campo da visão dela. Não era mais apenas um foco.
Vocês devem estar imaginando que ela tenha reparado em algum dos amigos sexy do cara do bilhete no guardanapo ou em um dos belos músicos ou alguém no meio daquela gente bacana. Pois é, não. Foi no cara peculiar. Mas o que mais chamou a atenção dela foi que ele acaba por ser uma junção disso tudo, com uma pitada (e bota pitada nisso) de loucura a mais. Ele era bacana, músico e sexy (pra ela, só pra ela).
Suponho que ela tenha visto nele o que o cara sexy não tem. Ou que ele tenha feito por ela o que o cara sexy não fez.
Ela não sabe o que vai acontecer daqui pra frente, o ano tá só começando. Eu mesma, autora da história toda, não faço idéia. Por quê? Porque eu não escrevo ficção. Não sou criativa, só nasci intensa.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

E toda essa saudade

Outro dia me deitei no meio da rua e esperei que um carro passasse por cima de mim e me esmagasse pra ver se assim toda a saudade que existe dentro do meu corpo me deixava em paz. Fiquei por um tempo observando o rosa alaranjado do céu e nenhum carro por aquela rua passou. Um casal de velhos apareceram no meu campo de visão e me convenceram a levantar.

Levantei e andando pela rua senti minhas pernas doerem. A saudade pesava demais e fazia com que eu tivesse dificuldades para seguir. A dor era física. Os pés já levemente roxos. Eu então cheguei em casa e quis escrever algo. Mas a saudade também deixou meus braços pesados e eu nada consegui dizer àquele papel em branco em cima da minha mesa também branca.

Pensei em dormir, mas ao me deitar na cama, ela desabou. Não é possível que essa tal dessa saudade dentro de mim pese tanto. Mas que coisa. Meu irmão logo veio ver o que aconteceu, mas ele não conseguiu entrar no quarto, porque o ar era pesado demais e ele não aguentaria respirar.

Deitei-me no chão mesmo, entre roupas e sapatos jogados e quando estava prestes a fechar as pálpebras ouvi alguém me gritando lá fora. Levantei e fui olhar pela janela. Não vi nada. Me deitei novamente e mais uma vez um grito lá fora. Minhã mãe então subiu rapidamente as escadas e falou: "Filha, uma pessoa que diz ser o amor está aí fora te esperando". Então eu fui.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Suporte,amparo...

Estava pensando esses dias,(mentira,sempre pensei nisso)eu devo ser completamente louca,neurótica mesmo.
Já parou pra pensar como são dementes as suas manias?As minhas são muito.

Quem em sã consciência associa um copo á pessoa amada?Pior,é capaz de se sentir menos carente com isso.Eu assumo,quando vou beber alguma coisa o meu copo pode estar limpinho,me esperando,ao lado do dele,mesmo assim eu pego o dele!É uma maneira de sentir que estamos próximos,entrelaçados,como se um braço saísse do meu coração e o abraçasse.

É,por causa de um copo, eu sei, racionalmente não dava pra ser mais imbecil.

Mas o que mais me aflige é a minha fixação por lembranças.A quatro anos eu não consigo não escrever o que eu fiz num dia.Tenho um medo terrível do esquecimento.Como se deixando de escrever aquilo deixasse de existir.E eu teria uma velhice vazia,uma velha que não fez nada na vida para se lembrar.Eu preciso escrever pra me lembrar o que eu já fiz .Tenho medo que a memória me traia.As vezes fico pensando em me libertar disso,não me preocupar em gastar tempo me dedicando a fazer minhas futuras lembranças,mas o meu passado é o meu mais pesado grilhão.

As coisas perdem a importância,a gente vai se acomodando e parece que tal pessoa ou tal ocasião não foram assim tão alucinantes quanto pareceram,mas na verdade foram,na hora foram.Eu tenho medo disso,de no futuro não lembrar quão intensamente os acontecimentos se desenrolaram.

Como se um dia eu fosse realmente ler tudo isso,claro que não.

É engraçado o sentimento que essas coisas(uma agenda, um copo,etc)causam na gente.Sentir necessidade de uma folha mais bonita para conseguir estudar,a exigência de algo metálico e circunflexo para que um relacionamento se torne “de verdade” mesmo.

Ontem comprei meus lápis de cor,tive uma sensação de que eles estavam abrindo uma porta,me deixando mais perto de algo.

Quando você se sente mais forte por causa de um sapato,uma blusa,uma calcinha,essas coisas acabam significando muito,mas na verdade não significam absolutamente nada.São apenas coisas que te “empurram”.Não tem nada a ver com uma possível sorte que esses objetos te tragam,é o sentimento que essas coisas provocam mesmo.Encorajam.É tão fantasiosa essa relação.A forma como a gente se apóia nas coisas durante a vida,como nós nos consolamos com as coisas na falta de uma “realidade de verdade”.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pasión

Então é hoje o meu dia de postar aqui outra vez, não é mesmo?!

Cinco minutos atrás eu não fazia idéia alguma sobre o que escreveria. Tentei pensar em algo que interessasse as pessoas, mas não cheguei a nenhuma conclusão. Conversando com a amiga que me chamou de Latin Lover dia desses, decidi postar sobre um assunto que acaba por não interessar a ninguém, mas paciência, vai ser sobre isso mesmo.

Bom (patético começar um parágrafo assim), quinta feira eu fiz uma tatuagem. E daí? Pois é, eu disse que ninguém se interessaria. Mas quer saber por que vou falar sobre ela? Porque eu queria falar de mim e também de mudanças. Ela acaba por simbolizar parte dos meus interesses, das minhas mudanças e dá uma das definições vagas sobre quem diabos sou eu.

É um desenho prioritariamente vermelho (é a minha cor favorita e me causa sensações). A base da minha vida é a paixão, não necessariamente por uma pessoa, mas a paixão pelas coisas, pela arte, pela vida. Paixão é tudo, tudo o que eu preciso, tudo que todos precisam. Uma das minhas paixões é o idioma espanhol. Na minha tatuagem está escrito Pasión. Óóóóó!!!

Enfim (patético de novo), tem também uma faixa verde que 'passeia' em torno do coração e no fim da faixa, uma rosa. Óóóó de novo! Clichês à parte, permitam-me explicar. A faixa verde simboliza as minhas paixões, ou seja, a minha vida. Quando as paixões acabarem, vejam só vocês, uma rosa para mim, porque eu estarei morta!

Relendo este texto eu ri um pouquinho. Porque ficou besta! Mas novidade... besta é uma coisa que eu também sou bastante, o que pode ser comprovado pelos vídeos e acontecimentos dos últimos fins de semana. Sendo assim, ficou perfeito!

Por hoje vos deixo parabenizando os textos das minhas colegas de peruano e todos os latinoamericanos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cérebro

Eu sinto que este blog não vai com a minha cara, porque eu sempre escrevo e não vai do jeito que eu quero. Como sempre, tinha feito um texto aqui, mas desisti de postá-lo por achar que vocês, leitores, são muito exigentes, e minhas palavras não estão de acordo com o nível.

Eu pensei durante a semana toda em algum assunto interessante, mas não consegui encontrar. Penso agora que a maior das inspirações surgem em momentos de tristeza de nossas vidas. Não sei, quando estamos felizes não conseguimos escrever coisas bonitas e tocantes. Eu pelo menos não consigo. Aliás, quando estou feliz só me vêm à cabeça cenas engraçadas e cores fortes. Parece besteira, mas de vez em quando gostaria de ter uma dor daquelas só para conseguir escrever algo que emocione as pessoas. Não é o caso agora, me desculpem.

Neste final de semana eu fiz aniversário. Agora tenho 20 anos e parece que isso de fato mudou algumas coisas na minha cabeça. Pessoas não me deram parabéns e algumas que eu nem me lembrava mais apareceram. Serviu pra ver quais têm importância. Além de perceber que o momento não é romântico e sim de necessidade, se é que me entendem. Vontade de sair por aí e falar com as pessoas, flertar e essas coisas interessantes da vida. É ridículo viver uma coisa que não existe, embora as pessoas insistam em fazer isso. Pra mim já deu.

O momento é de alegria e deve ser aproveitado. Sem falsas lembranças, episódios inexistentes, ou amores de ilusão. A vida é outra. Pelo menos por essa semana, porque as coisas mudam tão rápido que eu não posso afirmar nada pelos próximos dias. Ou meses, não sei.

Esse texto agora não tem mais nada a ver com o que eu tinha escrito ontem. Era algo sobre cantar no chuveiro de uma forma empolgada, como se fosse pra alguém em específico ouvir, mesmo que fosse impossível. Hoje a vontade é de cantar para desconhecidos na rua, usar roupas bonitas a fim de seduzir, despentear o cabelo para provocar.

Desejo a todos um colar de flores. É só isso.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Felicidade

Eu ia postar outra coisa, mas sinto necessidade de completar o meu post anterior.


Só pra constar, são duas horas da manhã, eu tenho aula amanhã e não consigo dormir, entendo perfeitamente o Cazuza: ”As idéias pintam e me aprisionam”, às vezes não só idéias, sentimentos e outras coisas também, mas o fato é que aprisionam.
Vamos lá.

Retomarei o meu post anterior do asterisco colocado (*obviamente questionável), eu sempre encontro vários pontos sobre uma mesma situação ou pessoa. Sobre a felicidade é que não seria diferente. Só depois de um tempo é que a gente percebe o quão absurdo foi, uma certa idéia, um sentimento,uma situação,uma palavra, tanto faz, na hora a gente não enxerga.Depois tentando fazer uma organização dos pensamentos percebemos que algo não fecha no balanço,as coisas colidem,fazem um barulho infernal, mas contradições são normais...

Comecemos, o que é felicidade?
Quando aconteceu e até mesmo quando escrevi o texto anterior julguei aquilo como felicidade, só quando fui postar e re-li o que havia escrito me dei conta de que meu conceito de felicidade mudou.
Eu não sei explicar o que eu senti naquela época, mas era algo barulhento, ensurdecedor, infernal, um sentimento quase que histérico. Eu não cabia em mim, as minhas palavras não pareciam sair da minha boca, meus olhos, eu não me pertencia. Fazia com que eu me desligasse de mim, perdesse o chão e fizesse qualquer coisa, por mais que essa tal coisa não condissesse comigo. Escrever eu já não conseguia mais,não tinha capacidade pra isso,quando escrevia forçava as palavras a saírem,não gostava de ler o que eu mesma redigia,era como se cada frase lida me agredisse, me desse um soco na cara. Aquilo era qualquer coisa, menos felicidade. Fiquei só esperando o barco virar, isso não tem como ser felicidade.


Hoje em dia felicidade pra mim está muito mais ligada à paz do que a outras coisas.Não falo da paz de pombinhas brancas (coitadas),falo da paz de ficar em silencio e não ouvir o coração berrar de desespero.
Ligada a coisas como aceitação de si mesmo, e dos outros. Eu que dificilmente aceitava algo que julgasse ser um erro. Eu que esperava que os outros entendessem o que eu sentia, mas era incapaz de tentar traduzir as minhas caras feias, as costas dadas e etc, até o dia que me disseram: “você costuma se relacionar com adivinhos?”

Ando relacionando muito felicidade com integridade. Aliás, integridade está sendo um assunto muito presente ultimamente. Alguém que te arranca algo que te fazia bem, independente do que seja, um hábito, um sentimento, uma pessoa, qualquer coisa,quando esse alguém te mutila ele já não é mais capaz de te fazer feliz.Não dá pra essa pessoa te arrancar uma parte sua e enfiar no buraco que ficou um pedaço dela pra tentar estancar a hemorragia.Não adianta.O corpo rejeita,sempre vai vazar sangue pelas beiradas.Não cicatriza.Eu particularmente gosto de mim inteira, como agora.

Existe um “mandamento” no muay tai que sempre me chamou atenção: “Fluir como a água, brilhar como o sol”. Isso anda permeando a minha vida...

Foi até bom experimentar uma época fora de mim para entender o quanto eu gosto do meu lugar, o quanto eu gosto de ser quem eu sou e compreender que é por aqui mesmo que eu quero ficar. Em pensar que eu quase me expulsei, quase que não me aceito de volta.


Enfim, feliz, leve, “abraçada”.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Alma de Coringa

Neste blog não vou escrever sobre amores, mas sobre paixões. Não vou escrever loucuras, só devaneios. Não vou me expressar com desespero debaixo do sol escaldante, vou me sentar à sombra de uma macieira, serena, à espera de companhias que vêm e vão. Coisas do cotidiano, certo?!

Vou contar algo que me aconteceu, por milagre, em primeira pessoa.

Era madrugada na Rua Augusta (só pra variar!), um show daqueles que costumam tomar o lugar por fumo de cigarros, o Marlboro do mais forte. O público? Daquelas mulheres que deixam os homens mais fracos tensos e daqueles únicos homens capazes de lidar com elas.

Aquele cara sexy estava lá. Não era exatamente o público, mas estava lá, em cima do palco e sem camisa. Eu, que antes já o desejava, naquele momento simplesmente não pude controlar. Verdade seja dita, eu já tinha até um plano de sedução pra ele. Sôa bizarro, não?! Mas naquele dia foi inevitável não pular os primeiros procedimentos. Fui direto ao bilhete no guardanapo!

Minha amiga, que duvidava que eu teria coragem (ok, acho que a expressão é cara de pau), apressou-se para apanhar um guardanapo no bar. Peguei emprestadas palavras da Marisa Monte em “Quatro Paredes”, modifiquei um pouco de nada e finalizei com os dizeres “Um Dia” (idéia da tal amiga essa parte dos dizeres). Esperei ele passar, pus a mão no ombro dele e entreguei. Depois fugi. Por quê? Não sei. Acho que só queria botar um pouco de lenha pra, noutro dia qualquer, partir pra segunda parte do plano. Descobri que não me interessa tanto assim o desfecho, mas sim os meios, os procedimentos, como um bandido psicopata que sente o maior prazer durante. Eu sou o próprio bandido psicopata. Medo, né?!

A gente ri, tira sarro da própria cara, mas a verdade é que sinto saudades de um tempo que nem vivi. Ou vivi, mas era pequena demais. Queria ter tido vinte anos lá quando os meus pais, quiçá os meus avós, tinham vinte anos. Eu vejo uma beleza incrível na audácia de um bilhete no guardanapo.

Eu vejo uma beleza incrível nessas coisas do passado. Hoje, pra muitos (não pra mim), coisas bizarras do passado.

Até breve! Ouvindo, juro, Frank Sinatra.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Grande ninguém lê

Meu Deus! Que péssimo jeito de se começar um post, ainda mais um de estréia no novo blog. Me perdoem. Eu confesso que tinha escrito um texto há uns dias pra colocar aqui, mas vendo todo o sucesso do primeiro post da Marcela achei que não deveria. Mas acontece que agora também não consigo pensar em nada de muito interessante pra escrever. Ô vida!

Ontem antes de dormir eu tava pensando em um monte de coisas, o que não é novidade. Cheguei até mesmo a pensar em como tudo no mundo é baseado em circunferências. A própria Terra é redonda e gira, em torno do sol, que também é redondo (vai saber). Ai você abre uma torneira e pra isso tem que girá-la. Quando vc roda alguém, ela fica tonta, e o mundo de quem tá tonto é redondo. A nossa cabeça é uma bola (forcei). Nosso cérebro é quase uma também (forcei mais). Ok, essa história das circunferência nada tem a ver com nada, mas eu gosto de às vezes viajar assim. Enfim...

Repararam como de repente surgiram um milhão de blogs? Inclusive esse. Muito bom essa coisa de as pessoas voltarem a tomar gosto por escrever, mesmo que essas escritas não façam sentido sempre. Sempre vai ter alguém pra ler e pensar: puxa, que viagem... ou: meu deus, que bonito. No caso do último post com certeza foi: Meu deus, que emoção... Já nesse... me perdoem, de novo.

Meu aniversário se aproxima e eu não consigo pensar em nada... Nada de legal, essa é a verdade. Acho que já deu então.

Aliás, um comentário antes!

Sábado eu fui ao cinema assistir “O curioso caso de Benjamin Button”. Eu passo anos sem ir ao cinema, mas quando vou, assisto a filmes impactantes, que me deixam chorosa e pensando na vida. O último antes desse tinha sido “Ensaio sobre a cegueira”.

Acho que isso não vem ao caso agora. Tava pensando na verdade nessa coisa de ir ao cinema. Vocês pararam pra refletir como é engraçado isso? Um monte de gente, sei lá, 100 pessoas, param tudo, no mesmo dia, têm a mesma idéia, vão ao mesmo lugar e assistem a uma só coisa. Todos se sentam na mesma sala, assistem às cenas juntos e em vários momentos pensam na mesma coisa. Garanto que todos que vão solteiros, como eu, têm certa expectativa com quem vai sentar ao lado. Eu sempre espero pela minha alma gêmea (não? Ela nunca vai aparecer assim em um cinema? Ok!), mas na maioria das vezes dou azar e senta uma mulher ao meu lado. Aliás, acho que isso também não vem ao caso.

O filme. Nem tenho muito o que dizer sobre o filme. Tive vontade de anotar muitas coisas que foram ditas, porque servem mais ou menos como lição de vida, ou mesmo porque achei algumas frases bem construídas e de sentido profundo. Já pararam pra pensar como seria você nascer velho e morrer bebê de colo? Não deve ser uma experiência agradável não poder se relacionar com pessoas da sua idade porque você parece ter 80 anos. Ou não poder ficar com o amor da sua vida, porque você parece ter 20 anos, mesmo atingindo a terceira idade. Assistam. É muito bom.

Era isso.
Muito grande? Não vão ler? Ok, até a próxima.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Hoje de madrugada preparei um discurso pra ninguém ouvir...

Não sei. Tenho medo de me induzir a pensar coisas contra isso tudo para ter uma desculpa e me jogar de volta a um passado que eu já jurei odiar. Mas não odeio. Não o amo mais, burrice tem limite. Mas é inegável que meu ponto mais alto de felicidade (*) foi com ele. Da mesma forma que o cérebro procura buscar sempre o mais alto peso já alcançado na vida ele procura também fazer com que se repita o mais intenso tópico de felicidade experimentado.

Meu ex professor de história, um dos melhores, que por acaso me chamava de “olhos de jabuticaba”, uma vez me disse que sempre depois do apogeu vem a queda, e que queda. Hoje estagnado, parado, linear. Não vou falar que eu preferia a queda à isso, não me torturaria a esse ponto, mas tenho muitas dúvidas em relação a essa situação.

Precisava dessa estabilidade, mas estranhamente sinto falta da loucura proporcionada num passado não muito distante, dos olhos cegos que me derrubaram do abismo, as pernas trêmulas, o nosso amor de poema, que enaltece, enlouquece, fere e mata.

O Chico é mesmo um gênio, sacou tudo: “Já te deixei jurando nunca mais olhar pra trás (...) e me enganar (...) De novo e sempre, feito viciada eu vou voltar”. Jurei mesmo e muito,mas não fiz honrar minha palavra, enfim deixa pra lá, a vida é uma questão de felicidade e não de princípios, não é verdade?

Parece realmente um vício. Viciada em paixões arrebatadoras e letais. Daria um romance tosco, manjado e mal escrito. Difícil de alcançar não só as sensações mais intensas que tive, mas até mesmo os sorrisos sinceros que só ele me arrancava, o coração cheio, explodindo, quase extravasando o peito...

É, sinto como se estivesse me enganando, me passando a perna. Fugindo (ou sendo fugida) de emoções mais fortes para evitar a cara no chão, o beijo no carpete do meu quarto, as lágrimas que ensoparam o travesseiro.

Coisa do capeta mesmo, como pode, aliás como eu pude deixar que um punhado de emoções me confundissem, me deixassem completamente emocional, me tirassem da terra (e posteriormente me jogassem no inferno). Eu não tinha estrutura para você, não agüentei o baque de te ver com o dedo na minha cara antes de ir embora. Eu ainda não tenho essa estrutura de guerra para agüentar suas idas e vindas, sinceramente não quero suportá-las. Tenho medo, você me deixou com medo, tive pânico de você e nenhum soldado entra em campo amedrontado, então, enquanto esse trauma não me abandona fica difícil deixar que meu coração vá, rompa as barricadas de concreto que eu coloquei na frente e se torne mais uma vez vulnerável. Talvez vulnerável à felicidade, quem dirá? (Dez/08)

(*)obviamente questionável.