sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Alma de Coringa

Neste blog não vou escrever sobre amores, mas sobre paixões. Não vou escrever loucuras, só devaneios. Não vou me expressar com desespero debaixo do sol escaldante, vou me sentar à sombra de uma macieira, serena, à espera de companhias que vêm e vão. Coisas do cotidiano, certo?!

Vou contar algo que me aconteceu, por milagre, em primeira pessoa.

Era madrugada na Rua Augusta (só pra variar!), um show daqueles que costumam tomar o lugar por fumo de cigarros, o Marlboro do mais forte. O público? Daquelas mulheres que deixam os homens mais fracos tensos e daqueles únicos homens capazes de lidar com elas.

Aquele cara sexy estava lá. Não era exatamente o público, mas estava lá, em cima do palco e sem camisa. Eu, que antes já o desejava, naquele momento simplesmente não pude controlar. Verdade seja dita, eu já tinha até um plano de sedução pra ele. Sôa bizarro, não?! Mas naquele dia foi inevitável não pular os primeiros procedimentos. Fui direto ao bilhete no guardanapo!

Minha amiga, que duvidava que eu teria coragem (ok, acho que a expressão é cara de pau), apressou-se para apanhar um guardanapo no bar. Peguei emprestadas palavras da Marisa Monte em “Quatro Paredes”, modifiquei um pouco de nada e finalizei com os dizeres “Um Dia” (idéia da tal amiga essa parte dos dizeres). Esperei ele passar, pus a mão no ombro dele e entreguei. Depois fugi. Por quê? Não sei. Acho que só queria botar um pouco de lenha pra, noutro dia qualquer, partir pra segunda parte do plano. Descobri que não me interessa tanto assim o desfecho, mas sim os meios, os procedimentos, como um bandido psicopata que sente o maior prazer durante. Eu sou o próprio bandido psicopata. Medo, né?!

A gente ri, tira sarro da própria cara, mas a verdade é que sinto saudades de um tempo que nem vivi. Ou vivi, mas era pequena demais. Queria ter tido vinte anos lá quando os meus pais, quiçá os meus avós, tinham vinte anos. Eu vejo uma beleza incrível na audácia de um bilhete no guardanapo.

Eu vejo uma beleza incrível nessas coisas do passado. Hoje, pra muitos (não pra mim), coisas bizarras do passado.

Até breve! Ouvindo, juro, Frank Sinatra.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Grande ninguém lê

Meu Deus! Que péssimo jeito de se começar um post, ainda mais um de estréia no novo blog. Me perdoem. Eu confesso que tinha escrito um texto há uns dias pra colocar aqui, mas vendo todo o sucesso do primeiro post da Marcela achei que não deveria. Mas acontece que agora também não consigo pensar em nada de muito interessante pra escrever. Ô vida!

Ontem antes de dormir eu tava pensando em um monte de coisas, o que não é novidade. Cheguei até mesmo a pensar em como tudo no mundo é baseado em circunferências. A própria Terra é redonda e gira, em torno do sol, que também é redondo (vai saber). Ai você abre uma torneira e pra isso tem que girá-la. Quando vc roda alguém, ela fica tonta, e o mundo de quem tá tonto é redondo. A nossa cabeça é uma bola (forcei). Nosso cérebro é quase uma também (forcei mais). Ok, essa história das circunferência nada tem a ver com nada, mas eu gosto de às vezes viajar assim. Enfim...

Repararam como de repente surgiram um milhão de blogs? Inclusive esse. Muito bom essa coisa de as pessoas voltarem a tomar gosto por escrever, mesmo que essas escritas não façam sentido sempre. Sempre vai ter alguém pra ler e pensar: puxa, que viagem... ou: meu deus, que bonito. No caso do último post com certeza foi: Meu deus, que emoção... Já nesse... me perdoem, de novo.

Meu aniversário se aproxima e eu não consigo pensar em nada... Nada de legal, essa é a verdade. Acho que já deu então.

Aliás, um comentário antes!

Sábado eu fui ao cinema assistir “O curioso caso de Benjamin Button”. Eu passo anos sem ir ao cinema, mas quando vou, assisto a filmes impactantes, que me deixam chorosa e pensando na vida. O último antes desse tinha sido “Ensaio sobre a cegueira”.

Acho que isso não vem ao caso agora. Tava pensando na verdade nessa coisa de ir ao cinema. Vocês pararam pra refletir como é engraçado isso? Um monte de gente, sei lá, 100 pessoas, param tudo, no mesmo dia, têm a mesma idéia, vão ao mesmo lugar e assistem a uma só coisa. Todos se sentam na mesma sala, assistem às cenas juntos e em vários momentos pensam na mesma coisa. Garanto que todos que vão solteiros, como eu, têm certa expectativa com quem vai sentar ao lado. Eu sempre espero pela minha alma gêmea (não? Ela nunca vai aparecer assim em um cinema? Ok!), mas na maioria das vezes dou azar e senta uma mulher ao meu lado. Aliás, acho que isso também não vem ao caso.

O filme. Nem tenho muito o que dizer sobre o filme. Tive vontade de anotar muitas coisas que foram ditas, porque servem mais ou menos como lição de vida, ou mesmo porque achei algumas frases bem construídas e de sentido profundo. Já pararam pra pensar como seria você nascer velho e morrer bebê de colo? Não deve ser uma experiência agradável não poder se relacionar com pessoas da sua idade porque você parece ter 80 anos. Ou não poder ficar com o amor da sua vida, porque você parece ter 20 anos, mesmo atingindo a terceira idade. Assistam. É muito bom.

Era isso.
Muito grande? Não vão ler? Ok, até a próxima.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Hoje de madrugada preparei um discurso pra ninguém ouvir...

Não sei. Tenho medo de me induzir a pensar coisas contra isso tudo para ter uma desculpa e me jogar de volta a um passado que eu já jurei odiar. Mas não odeio. Não o amo mais, burrice tem limite. Mas é inegável que meu ponto mais alto de felicidade (*) foi com ele. Da mesma forma que o cérebro procura buscar sempre o mais alto peso já alcançado na vida ele procura também fazer com que se repita o mais intenso tópico de felicidade experimentado.

Meu ex professor de história, um dos melhores, que por acaso me chamava de “olhos de jabuticaba”, uma vez me disse que sempre depois do apogeu vem a queda, e que queda. Hoje estagnado, parado, linear. Não vou falar que eu preferia a queda à isso, não me torturaria a esse ponto, mas tenho muitas dúvidas em relação a essa situação.

Precisava dessa estabilidade, mas estranhamente sinto falta da loucura proporcionada num passado não muito distante, dos olhos cegos que me derrubaram do abismo, as pernas trêmulas, o nosso amor de poema, que enaltece, enlouquece, fere e mata.

O Chico é mesmo um gênio, sacou tudo: “Já te deixei jurando nunca mais olhar pra trás (...) e me enganar (...) De novo e sempre, feito viciada eu vou voltar”. Jurei mesmo e muito,mas não fiz honrar minha palavra, enfim deixa pra lá, a vida é uma questão de felicidade e não de princípios, não é verdade?

Parece realmente um vício. Viciada em paixões arrebatadoras e letais. Daria um romance tosco, manjado e mal escrito. Difícil de alcançar não só as sensações mais intensas que tive, mas até mesmo os sorrisos sinceros que só ele me arrancava, o coração cheio, explodindo, quase extravasando o peito...

É, sinto como se estivesse me enganando, me passando a perna. Fugindo (ou sendo fugida) de emoções mais fortes para evitar a cara no chão, o beijo no carpete do meu quarto, as lágrimas que ensoparam o travesseiro.

Coisa do capeta mesmo, como pode, aliás como eu pude deixar que um punhado de emoções me confundissem, me deixassem completamente emocional, me tirassem da terra (e posteriormente me jogassem no inferno). Eu não tinha estrutura para você, não agüentei o baque de te ver com o dedo na minha cara antes de ir embora. Eu ainda não tenho essa estrutura de guerra para agüentar suas idas e vindas, sinceramente não quero suportá-las. Tenho medo, você me deixou com medo, tive pânico de você e nenhum soldado entra em campo amedrontado, então, enquanto esse trauma não me abandona fica difícil deixar que meu coração vá, rompa as barricadas de concreto que eu coloquei na frente e se torne mais uma vez vulnerável. Talvez vulnerável à felicidade, quem dirá? (Dez/08)

(*)obviamente questionável.