segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Felicidade

Eu ia postar outra coisa, mas sinto necessidade de completar o meu post anterior.


Só pra constar, são duas horas da manhã, eu tenho aula amanhã e não consigo dormir, entendo perfeitamente o Cazuza: ”As idéias pintam e me aprisionam”, às vezes não só idéias, sentimentos e outras coisas também, mas o fato é que aprisionam.
Vamos lá.

Retomarei o meu post anterior do asterisco colocado (*obviamente questionável), eu sempre encontro vários pontos sobre uma mesma situação ou pessoa. Sobre a felicidade é que não seria diferente. Só depois de um tempo é que a gente percebe o quão absurdo foi, uma certa idéia, um sentimento,uma situação,uma palavra, tanto faz, na hora a gente não enxerga.Depois tentando fazer uma organização dos pensamentos percebemos que algo não fecha no balanço,as coisas colidem,fazem um barulho infernal, mas contradições são normais...

Comecemos, o que é felicidade?
Quando aconteceu e até mesmo quando escrevi o texto anterior julguei aquilo como felicidade, só quando fui postar e re-li o que havia escrito me dei conta de que meu conceito de felicidade mudou.
Eu não sei explicar o que eu senti naquela época, mas era algo barulhento, ensurdecedor, infernal, um sentimento quase que histérico. Eu não cabia em mim, as minhas palavras não pareciam sair da minha boca, meus olhos, eu não me pertencia. Fazia com que eu me desligasse de mim, perdesse o chão e fizesse qualquer coisa, por mais que essa tal coisa não condissesse comigo. Escrever eu já não conseguia mais,não tinha capacidade pra isso,quando escrevia forçava as palavras a saírem,não gostava de ler o que eu mesma redigia,era como se cada frase lida me agredisse, me desse um soco na cara. Aquilo era qualquer coisa, menos felicidade. Fiquei só esperando o barco virar, isso não tem como ser felicidade.


Hoje em dia felicidade pra mim está muito mais ligada à paz do que a outras coisas.Não falo da paz de pombinhas brancas (coitadas),falo da paz de ficar em silencio e não ouvir o coração berrar de desespero.
Ligada a coisas como aceitação de si mesmo, e dos outros. Eu que dificilmente aceitava algo que julgasse ser um erro. Eu que esperava que os outros entendessem o que eu sentia, mas era incapaz de tentar traduzir as minhas caras feias, as costas dadas e etc, até o dia que me disseram: “você costuma se relacionar com adivinhos?”

Ando relacionando muito felicidade com integridade. Aliás, integridade está sendo um assunto muito presente ultimamente. Alguém que te arranca algo que te fazia bem, independente do que seja, um hábito, um sentimento, uma pessoa, qualquer coisa,quando esse alguém te mutila ele já não é mais capaz de te fazer feliz.Não dá pra essa pessoa te arrancar uma parte sua e enfiar no buraco que ficou um pedaço dela pra tentar estancar a hemorragia.Não adianta.O corpo rejeita,sempre vai vazar sangue pelas beiradas.Não cicatriza.Eu particularmente gosto de mim inteira, como agora.

Existe um “mandamento” no muay tai que sempre me chamou atenção: “Fluir como a água, brilhar como o sol”. Isso anda permeando a minha vida...

Foi até bom experimentar uma época fora de mim para entender o quanto eu gosto do meu lugar, o quanto eu gosto de ser quem eu sou e compreender que é por aqui mesmo que eu quero ficar. Em pensar que eu quase me expulsei, quase que não me aceito de volta.


Enfim, feliz, leve, “abraçada”.

7 comentários:

Anônimo disse...

Eu já disse! Esse texto é perfeito!
Nem tenho mais palavras!
Um beijo!

Caio "Sáraqui" disse...

Abraçado.

Marta Pinheiro disse...

genial! sério!

"paz de ficar em silencio e não ouvir o coração berrar de desespero" quase chorei, gracias! hahaha...

e outra: me identifiquei com a fase daquele meu último post no sinestesia, sei como se sente mais ou menos.

beeeeeejo!

Bruno Moreno disse...

é limpo...deu vontade de mais!
pois é...uma palhaça certa vez me disse...você já ouviu seu coração hj??e faziam anos que isso n acontecia.

me lembrou isso!valeu!

um beijo

prof Takata disse...

Olhos de jabuticaba, tem um outro modo de ver a história, ela pode se apresentar em espiral contínua, escatológica e sempre prevendo a ruptura, mesmo que não apresente sinais nítidos. Quando ficamos um tempo parados observando a dor, não atualizamos os novos dados e neste momento, paramos de perceber a história que nos rodeia.

Parabéns, ótimos textos, pena eles terem sido gerados após a dor, aliás mais intensa do que, geralmente, as pessoas com a sua idade vivenciam.

Besosss

Renata Recupero disse...

Show Má...sem palavras pros seus textos! parece de gente grande..hahahahhaha

Alan Salgueiro disse...

Já posso falar que os textos da Marcela me fazem ter vontade de ao final de lê-los, voltar ao primeiro parágrafo. Esse pelo menos me embalou, eu queria mais, eu voltei o filme da primeira cena porque gostei de ver muito da sua alma exposta, e a gente se vê ás vezes também nessas exposições.
Grande, Caju! Grande! :)